sábado, maio 19, 2007

Projeto de satélites pode render 100 mil empregos


Entre equipamentos e serviços, os europeus avaliam que o mercado da radionavegação via satélite gire cerca de 276 bilhões de euros até 2020. A despeito dos atrasos acumulados do projeto Galileo, eles esperam que os 30 satélites que formarão sua futura constelação estejam isentos de qualquer possibilidade de cancelamento. Para eles, o projeto, caso seja executado na forma prevista, poderia permitir a criação de cerca de 100 mil empregos.
"A janela de oportunidade para o lançamento do sistema Galileo não pode ser prorrogada indefinidamente", prevenia uma nota da Comissão Européia divulgada no começo do ano quanto à concorrência internacional sobre o mercado de radionavegação via satélite.
"Para ocuparmos posição de força, é preciso dispor de um mínimo absoluto de 30 satélites, ou a qualidade do sinal do serviço não estará à altura de nossas ambições", indica um dos especialistas. A rivalidade com as demais potências espaciais será cruel.
Os Estados Unidos estão desenvolvendo uma versão melhorada de seu sistema GPS, para 2013 ou 2014. Os russos estão tentando reativar os satélites que compõem a constelação do seu sistema Glonass. E os chineses acabam de lançar, com relativo sucesso, um satélite de navegação, e têm a esperança de conquistar espaço nesse mercado no futuro.
Acordos de parceria Para melhorar as chances de sucesso do projeto, os promotores do Galileo estão tentando assinar acordos de parceria com países interessados. Depois de longas negociações com Washington, que não queria nem mesmo ouvir falar do programa, a interoperabilidade entre os sistemas norte-americano e europeu foi decidida - pelo menos no papel - por um acordo entre Estados Unidos e União Européia, assinado em junho de 2004.
Foram também negociados acordos de cooperação com a Índia, Israel, Marrocos, Coréia do Sul e Ucrânia. Brasil, Austrália, Canadá e Arábia Saudita expressaram interesse pelo projeto. Os chineses se comprometeram, desde 2003, a fornecer 200 milhões de euros em verbas para financiamento do Galileo.
Mas esse tipo de cooperação com um país desejoso de desenvolver projeto rival não foi recebido de braços abertos pelos países europeus envolvidos. A União Européia está procurando, também, limitar a influência de terceiros países no controle da Autoridade de Supervisão do Galileo, encarregado pelos países membros de comandar o projeto.
A União deseja em especial proteger tecnologias de uso civil e militar que poderiam ser desenvolvidas para o Galileo. Essa atitude suscita frustrações em Pequim, e fragiliza a parceria com os chineses.
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME

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