A comunidade de brasileiros forma hoje um terço da população de 3,5 mil habitantes da cidade de Gort, no condado de Galway, no oeste da Irlanda.
Atraídos pela prosperidade econômica alcançada pela Irlanda nos últimos anos, os brasileiros são parte dos grupos de imigrantes de diferentes países que hoje representam 10% da força de trabalho na Irlanda.
Antes, a pequena cidade era conhecida como posto de parada entre cidades maiores. Hoje, chama a atenção por ser um reduto de brasileiros.
Nilton Souza de Vieira, presidente da Associação Brasileira de Gort, mudou-se para a Irlanda em 2002, seguindo o exemplo de dois amigos.
Ele trabalhou em um restaurante antes de abrir dois negócios no centro da cidade: um internet café e um lava-carros.
Seu internet café é cheio de brasileiros que navegam na rede e utilizam linhas telefônicas a preços especiais para se manter em contato com a família.
Anápolis
Os brasileiros trabalham nas fábricas, canteiros de obras, restaurantes e hotéis da região. E o dinheiro que ganham acaba beneficiando a economia de Anápolis (GO), cidade natal de boa parte dos brasileiros de Gort.
"Eles são um sopro de brisa fresca", diz Frank Murray, coordenador de um projeto comunitário que envolve os brasileiros. "Eles realmente acrescentam algo à região".
No entanto, a presença de tantos brasileiros em Gort também desperta a preocupação de que eles estejam sendo explorados.
De acordo com Murray, apenas 10% dos imigrantes brasileiros falam inglês com fluência.
"Todos os problemas giram em torno da língua", afirma. "Ela abre as portas para a exploração."
Pequeno Brasil
"Nunca tive problemas, mas isso é porque falo inglês", diz Lidiane Castor, de Anápolis, que vive em Gort há quatro anos e é dona de um salão de cabeleireiro.
"Eu vejo entre meus amigos que se, você não fala inglês, pode ter problemas", acrescenta. "É muito importante para nós nos misturarmos à comunidade local. O problema é que muitos dos brasileiros aqui estão ilegais. Eu acho difícil conseguir permissões de trabalho para meus funcionários."
"Tenho sorte, já que meu marido, que também é de Anápolis, tem cidadania italiana, então podemos ficar aqui. Mas muitos foram deportados, incluindo meu cunhado, que foi deportado duas vezes", revela Lidiane.
Apesar dos problemas que a língua e a documentação causam à integração, a população local parece ter reagido positivamente à transformação ocorrida na cidade.
"Bem, é um pequeno Brasil agora, não é?", diz Martin Donohue, morador de Gort. "Inicialmente foi um choque cultural, mas eles se integraram bem e preencheram várias vagas de empregos que precisavam ser preenchidas."
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