sexta-feira, abril 14, 2006

| 'Le Monde' defende Lula como modelo para América Latina

'Le Monde' defende Lula como modelo para América Latina
Jornais

O jornal francês Le Monde defende em editorial o modelo de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em oposição ao do venezuelano Hugo Chávez, como exemplo a ser seguido por outros líderes de esquerda que estão asumindo o poder na América Latina.

"Entre Hugo Chávez e Lula da Silva, duas esquerdas se opõem. Uma propõe um discurso radical com acentos populistas e avanço de soluções nacionalistas. A outra, centrista, propõe uma política orçamentária ortodoxa a fim de atrair capitais e busca inserir a economia na globalização", afirma o Le Monde.

Para o diário francês, é forte e legítima a "tentação" de gastar os recursos obtidos com a recente melhora da situação econômica da região "distribuindo rapidamente subvenções aos mais necessitados".

"É necessário esperar, no entanto, que para além dessas necessidades imediatas, os governos de esquerda saberão se preservar do eleitoralismo para conduzir políticas de longo prazo."

O jornal vê uma guinada à esquerda na região, movimento que atribui às "profundas desigualdades que caracterizam a América Latina" - divididas, na descrição do Le Monde, entre burguesias "norte-americanizadas" e classes pobres, principalmente rurais, que acumulam miséria, desemprego e analfabetismo.

O Le Monde calcula que, das 17 eleições que terão ocorrido na região entre dezembro de 2005 e dezembro de 2006, 80% delas terão sido ganhas por forças de esquerda.

"A solução brasileira de jogar o jogo da inserção na globalização impõe constrangimentos que limitam o crescimento e as margens de manobra. Mas o investimento na educação e na infra-estrutura e a abertura aos capitais preparam o futuro", conclui o Le Monde.

Argentina

Na Argentina, o jornal Clarín destaca em uma das suas manchetes econômicas: "A cerveja Quilmes já passou totalmente a mãos brasileiras".

Segundo o diário, a notícia de que a Ambev aumentou a sua participação acionária na cervejaria argentina de 56,7% para 91,18% "sacudiu os empresários locais".

O Clarín também observa que até o ano passado a família que era proprietária da Quilmes indicava que queria permanecer no controle da empresa e que a mudança de posição se deu, segundo observadores entrevistados pelo jornal, porque o preço (US$ 1,2 bilhão) "supera todas as expectativas".

O jornal chama atenção para o papel do Brasil como investidor na Argentina. "Já antes desta compra, o Brasil era o principal investidor no país. Desde a desvalorização, foi somando uma pérola atrás da outra: Pecom, Loma Negra e Swift, desmentindo assim a falta de interesse internacional."

Petrobras

O jornal boliviano La Razón destaca a declaração do ministro da área de energia Andrés Soliz de que a revisão dos contratos das empresas petrolíferas no país será feita "caso por caso".

A Bolívia está na expectativa de um decreto do presidente Evo Morales que ditará as regras do processo de nacionalização dos recursos naturais do país.

"Ao Poder Executivo, complicou-se o processo de trocas de contratos com as petrolíferas nas últimas semanas", diz o La Razón.

"Por um lado, a Petrobras - companhia que para o governo era uma de suas principais aliadas - pediu para continuar administrando as suas reservas de gás na Bolívia, justamente um dos pontos-chave no plano de nacionalização do presidente Evo Morales", continua o jornal.

EUA

O articulista do jornal Washington Post David Ignatius defende a renúncia do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, apoiando um pedido de generais da reserva nesse sentido.

"Rumsfeld perdeu o apoio dos oficiais militares uniformizados que trabalham para ele. Não se engane. Os generais da reserva que estão falando em público contra Rumsfeld em entrevistas e artigos expressam a visão de centenas de outros militares", escreve Ignatius.

O articulista cita a estimativa de um militar com "extensa experiência de combate no Iraque" de que o grau de insatisfação com Rumsfeld no Exército chega a 75% e diz que, de fato, "suspeita" que a estimativa seja baixa.

Mas Ignatius argumenta que militares freqüentemente desaprovam os civis que os comandam e que, portanto, não é por isso que ele deve deixar o governo.

"Rumsfeld deve renunciar porque o governo Bush está perdendo a guerra na frente doméstica", diz o articulista.

"Boa parte do público americano simplesmente parou de acreditar nos argumentos do governo sobre o Iraque, e Rumsfeld é um símbolo desse déficit de credibilidade. Ele é uma força gasta, reduzido a disputar com a secretária de Estado se 'erros táticos' foram cometidos na guerra."

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