domingo, abril 23, 2006

Governo acusa ETA de causar incêndio e descumprir cessar-fogo

da Efe, em Madri

O governo espanhol advertiu hoje o grupo armado separatista basco ETA de que sua declaração de cessar-fogo, feita há um mês, é incompatível com atos de violência, como o incêndio que destruiu neste sábado a loja de um vereador conservador na região de Navarra.

A advertência foi feita pelo novo ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, que reiterou, no entanto, a "firme vontade" de alcançar a paz, sem por isso deixar de condenar os crimes que possam ser cometidos contra os direitos e liberdades dos cidadãos.

"Tudo parece indicar que estamos diante de um ato de violência cometido pelo ETA, que seria o primeiro desde a declaração de cessar-fogo, com o qual é incompatível", afirmou Rubalcaba, que assumiu o cargo na semana passada.

O ministro expressou em nome do governo sua solidariedade com o vereador do conservador União do Povo Navarro José Antonio Mendive, proprietário da loja incendiada, e com as quatro pessoas que foram intoxicadas.

A vitrine da loja, situada na localidade de Berañain, foi quebrada nesta madrugada. Depois, alguém jogou um líquido inflamável no chão e ateou fogo, o que provocou o incêndio.

Em conseqüência das chamas, que foram controladas uma hora depois, três policiais municipais foram hospitalizados por inalação de fumaça. Uma criança de dez meses também está internada em observação.

Enquanto o líder do opositor do Partido Popular, Mariano Rajoy, pedia ao presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, que se apressasse em esclarecer o crime, o lado socialista pedia prudência.

O pedido de cautela se transformou em uma constante desde que o ETA declarou o "cessar-fogo permanente" --que entrou em vigor em 24 de março. Paralelamente, o grupo reforçou o otimismo inicial sobre o fim da violência terrorista que durante quatro décadas vigorou na Espanha, deixando mais de 800 mortos e milhares de feridos.

Todos os partidos apoiaram Zapatero, que ainda este semestre deve ir ao Parlamento para que autorize a abertura de um diálogo com o grupo terrorista. Mas a condição prévia para esse trâmite institucional é a verificação do fim da violência, o que tinha sido constatado até hoje, antes do ataque à loja.

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