sexta-feira, março 09, 2007

Bush não tem nada a entregar, diz Rubens Barbosa


Sexta, 9 de março de 2007, 17h20
Daniel Bramatti
Reinaldo Marques/Terra

Lula e Bush durante encontro em São Paulo




Para Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo ao chamar de "nefastos" os subsídios concedidos pelos EUA a seus produtores agrícolas, que prejudicam as exportações brasileiras. Mas está errado ao priorizar a chamada integração "Sul-Sul", em vez de buscar acesso maior aos mercados dos países desenvolvidos.

Segundo Barbosa, os acordos firmados entre Brasil e EUA são, por enquanto, meras "manifestações de intenções". "Bush não tem muito a entregar. Na verdade, ele não tem nada a entregar", afirmou.

No governo Fernando Henrique Cardoso, Rubens Barbosa foi embaixador em Londres e em Washington. Nos EUA, foi um dos negociadores da Alca, projeto de uma área de livre-comércio com a participação de todos os países da América, que não se concretizou e perdeu impulso com a eleição de vários presidentes alinhados à esquerda pelo continente.


Leia a seguir trechos de entrevista do ex-embaixador a Terra Magazine:


O presidente Lula mostrou novamente que prioriza o Mercosul e a integração latino-americana em detrimento da Alca. Qual a sua avaliação?
É uma postura coerente. O governo brasileiro prioriza a chamada inetgração Sul-Sul. Mas, na minha opinião, é uma escolha equivocada. Os países de economia mais dinâmica são também os que têm os maiores mercados. Não estamos aproveitando as possibilidades de acesso a esses mercados.

Como o sr. avalia os acordos firmados entre Brasil e EUA na área de biocombustíveis?
É importante destacar que esses acordos, até o momento, são meras manifestações de intenções. Foram criados grupos de trabalho, vamos ver se os acordos resultam em algo. Se isso acontecer, será positivo para o Brasil. O país só tem a ganhar com a transformação do etanol em uma commodity internacional.

Qual o balanço político da visita do presidente Bush?
Essa visita tem um aspecto forte de política interna. Bush está enfraquecido, ainda tem dois anos de mandato e há 43 milhões de latinos nos Estados Unidos. A viagem pela América Latina tem o sentido de dizer que ele dá atenção à região. Bush quer recuperar o tempo perdido. Houve por aqui um vazio de poder, e Brasil e Venezuela ocuparam espaços abertos pelos Estados Unidos.


O que o Brasil tem a ganhar ao se aproximar dos EUA? Bush não tem muito a entregar. Na verdade, ele não tem nada a entregar. Tem minoria no Congresso e não pode fazer grandes concessões. Os Estados Unidos até cortaram a pequena ajuda que destinavam para assistência técnica na região (América Latina).

Terra Magazine

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