Geologia é a ciência que estuda a história física da Terra, sua origem, os materiais que a compõem e os fenômenos naturais ocorridos durante as várias eras e períodos da escala geológica terrestre. A geologia enquanto ciência se propõem a:
1.Descrever as características do Interior e da superfície da terra, em várias escalas.
2.Compreender as razões de ordem física e química que levaram o planeta a ser tal como o observamos.
3.Definir de maneira adequada a utilização dos materiais e fenômenos geológicos como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da qualidade de vida da sociedade.
4.Resolver os problemas ambientais causados anteriormente e estabelecer critérios para evitar futuros danos ao meio ambiente, nas várias atividades humanas. 5.Valorizar a relação entre o ser humano e a natureza.Já a geomorfologia estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, a estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes formas internas e externas que formam o relevo terrestre.
A história do planeta divide-se em eras geológicas, períodos, épocas e idades, não sendo proporcional a duração entre elas.
No Brasil, as eras geológicas ocorreram na seguinte escala, da mais recente à mais antiga: Cenozóica, Mesozóica, Paleozóica e Proterozóica.
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Sendo a crosta terrestre a base da estrutura geológica da Terra, várias rochas passam a compor esta estrutura e distinguem-se conforme a origem:
1.Rochas magmáticas (ígneas ou cristalinas): formadas pela solidificação do magma, material encontrado no interior do globo terrestre. Podem ser plutônicas (ou intrusivas, ou abissais), solidificadas no interior da crosta, e vulcânicas (ou extrusivas, ou efusivas), consolidadas na superfície.
2.Rochas sedimentares: formadas pela deposição de detritos de outras rochas, pelo acúmulo de detritos orgânicos, ou pelo acúmulo de precipitados químicos.
3.Rochas metamóficas: formadas em decorrência de transformações sofridas por outras rochas, devido às novas condições de temperatura e pressão.
A disposição destas rochas determina três diferentes tipos de formações:
Escudos antigos ou maciços cristalinos
São blocos imensos de rochas antigas. Estes escudos são constituídos por rochas cristalinas (magmático-plutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou por rochas metamórficas (material sedimentar) do Paleozóico, são resistentes, estáveis, porém bastante desgastadas.
Correspondem a 36% da área territorial e dividem-se em duas grandes porções: o Escudo das Guianas (norte da Planície Amazônica) e o Escudo Brasileiro (porção centro oriental brasileira).
Bacias Sedimentares:
São depressões relativas, preenchidas por detritos ou sedimentos de áreas próximas. Este processo se deu nas eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica, contudo ainda ocorrem nos dias atuais. Associam-se à presença de petróleo, carvão, xisto e gás natural.
Corresponde a 64% do território, constituindo grandes bacias como a Amazônica, a do Meio-Norte, a do Paraná, a São-franciscana e a do Pantanal Mato-grossense e outras pequenas bacias.
Dobramentos Modernos: São estruturas formadas por rochas magmáticas e sedimentares pouco resistentes; foram afetadas por forças tectônicas durante o Terciário provocando o enrugamento e originando as cadeias montanhosas ou cordilheiras.
Em regiões como os Andes, as Montanhas Rochosas, os Alpes, o Atlas e o Himalaia, são freqüentes os terremotos e as atividades vulcânicas.
Apresentam também as maiores elevações da superfície terrestre. Os dobramentos resultam de forças laterais ou horizontais ocorridas em uma estrutura sedimentar que forma as cordilheiras. As falhas resultam de forças, pressões verticais ou inclinadas, provocando o desnivelamento das rochas resistentes.
Estudos Geomorfológicos no Brasil
A expansão dos estudos geomorfológicos no Brasil se deu nos últimos 50 anos, devido à valorização das questões ambientais e por aplicar-se diretamente à análise ambiental.
No Brasil, as primeiras contribuições geomorfológicas, datam do século XIX, quando pesquisadores “naturalistas” buscavam de maneira diversificada compreender o meio ambiente e pesquisadores "especialistas", ou seja, botânicos, cartógrafos, geógrafos e geólogos, dedicavam-se a conteúdos específicos.
Estudando vários temas e diversas regiões brasileiras, as primeiras gerações de geólogos brasileiros juntamente com alguns estrangeiros, desenvolveram a partir do início do século até a década de 40 o conhecimento geomorfológico no Brasil. Vários trabalhos de brasileiros marcaram este período como, por exemplo, o de Guimarães (1943) e Azevedo (1949), que reúne e sintetiza o relevo brasileiro; Maack (1947) sobre a geologia do Paraná; King (1956) aborda a geomorfologia no Brasil oriental e Tricart (1959), que estabelece a divisão morfoclimática para o Brasil atlântico central.
A geomorfologia brasileira conheceu novos cenários a partir do final dos anos 60 e início dos anos 70, incorporando conceitos da Teoria Geral do Sistema e aplicando idéias relativas ao equilíbrio dinâmico.
Um dos maiores projetos já realizados, buscando o levantamento de recursos naturais, incluindo geologia, geomorfologia, solos, vegetação e uso do solo foi o Projeto Radam Brasil. De 1973 em diante, publicou-se os relatórios, os documentos cartográficos (mapas temáticos) que recobrem todo o País, formando um total de 40 volumes.
Atualmente, a geomorfologia acompanha os rumos teóricos e os caminhos de aplicação; entretanto, a dificuldade de acesso rápido às novas tecnologias e a falta de infra-estrutura prejudicam os avanços da ciência.
O relevo de todas as partes do mundo, assim como o relevo brasileiro, apresenta saliências e depressões oriundas das eras geológicas passadas. Estas saliências e depressões conhecidas como acidentes de primeira ordem configuram as montanhas, planaltos, planícies e depressões; além desses acidentes existem outros menores: as chapadas, as cuestas e as depressões periféricas.
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Estes acidentes resultaram da ação de dois tipos de agentes ou fatores do relevo. De origem interna (vulcanismo, tectonismo e outros) e de origem externa (água corrente, temperatura, chuva, vento, geleiras, seres vivos). É possível afirmar que o relevo brasileiro:
1.Apresenta grande variedade de formas, como planícies, planaltos, depressões relativas, cuestas e montanhas muito antigas.
2. Não se caracteriza pela existência de áreas de dobramentos modernos, formações originadas por vulcanismo recente ou outras que dependam da glaciação de altitude, e nem mesmo por depressões absolutas.
3. Apresenta modestas altitudes, já que a quase totalidade das terras possui menos de 1.000 metros de altitude e somente meio por cento do território encontra-se acima desse limite.
4. É predominantemente constituído por planaltos (58,5%), seguidos das planícies ou terras baixas conhecidas como platôs (41%).
Tradicionalmente, o relevo divide-se tomando como base duas classificações: de Aroldo de Azevedo e de Aziz Ab'Saber.
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Após o descobrimento de todas as potencialidades terrestres e brasileiras, oriundas das transformações ocorridas durante as diversas eras geológicas, passou-se a estudar os sítios arqueológicos, as cavernas e demais “monumentos” surgidos no Brasil.
Histórico da Ocupação do Território Brasileiro
A ocupação do Brasil teve início a partir de sua faixa litorânea. Os núcleos litorâneos desenvolveram-se em função da exploração de produtos extrativos e da produção agrícola voltada para a exploração, indicando um vínculo e uma fraca articulação com o interior do território. Essa primeira etapa de ocupação territorial foi caracterizada por atividades predatórias voltadas para extração da madeira. Posteriormente, o governo português concentrou esforços para difusão da produção de cana-de-açúcar, apesar das dificuldades com o meio físico, da hostilidade dos índios, dos altos custos dos meios de transporte e da escassez da mão de obra, fatos que foram compensados pelo preço do açúcar no mercado europeu.
No início do povoamento, a população ficou bastante restrita ao litoral. Somente no séc. XVII é que a penetração no território foi efetiva. No litoral do nordeste, o grande incremento demográfico teve importância na atividade agrícola canavieira; a ocupação de seu interior se deu através da instalação da pecuária bovina em áreas não propícias ao desenvolvimento da cana-de-açúcar, contribuindo para o sertão semi-árido. As ocupações de grandes extensões tiveram como objetivo principal a criação de animais. Essa atividade criteriosa deu origem à formação dos primeiros núcleos urbanos no interior.
No sudeste surgia São Paulo, que contribuiu para uma expansão da ocupação do território. Revelou-se então a existência de importantes riquezas minerais em terras que hoje pertencem a Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Nos séculos XVI e XVII a lavoura canavieira e a criação de gado foram atividades que contribuíram para a efetivação da ocupação do espaço brasileiro. Também a descoberta de minerais provocou, no séc. XVII, o deslocamento do povoamento para o interior, que se deu de forma temporária, uma vez que se baseava na exploração aluvial. A mineração passou a se dar através de veios auríferos e contribuiu para a formação dos primeiros núcleos urbanos dependentes da mineração, cuja importância era vinculada à exploração econômica de jazidas.
A ocupação da Amazônia ocorreu facilmente devido à existência de muitos rios, o que permitiu a implantação de pequenos núcleos que não prosperaram. Uma efetiva ocupação do solo ocorreu na região, mas voltada apenas para a subsistência, sendo a extração de produtos vegetais a base da economia regional. Essa ocupação inicial não mudou quase nada as condições naturais, exceto em algumas regiões, como a área ao redor de Belém.
A ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste ocorreu a partir do séc. XVII.
No extremo sul do Brasil (séc. XVIII), a colonização se deu com núcleos portugueses, assentando, no Rio Grande do Sul, os colonos açoreanos. Esta região já havia sido objetivo de incursões de criadores paulistas, que haviam se estabelecido em áreas de campo, desenvolvendo a pecuária, que encontrou condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento, tendo como finalidade a exportação do couro. Nessa época, destaca-se a cidade de São Paulo como centro de comercialização para integração das diferentes áreas povoadas.
Por volta do séc. XIX, essa ação colonizadora instalou mais de vinte colônias que permaneceram até o fim do século. O sistema de apropriação de terras, através de colonização oficial ou particular, foi implantado também em outras regiões de mata; porém, foi no sul do país que esse modo ocupacional de terras foi mais difundido.
Como consequência dessa expansão, ocorreu uma centralização de antigos núcleos urbanos dessas áreas, ao mesmo tempo em que surgiram novas aglomerações urbanas pela atividade cafeeira. No Rio de Janeiro, o ritmo de expansão foi mais rápido que em São Paulo, onde, no séc. XX, ainda existiam extensas áreas ocupadas por matas. Neste Estado, a difusão cafeeira deu-se na expansão da rede ferroviária, que ocorreu de forma paralela ou conseqüentemente à ocupação, ou mesmo direcionando este movimento, contribuindo com a expansão dessa lavoura e favorecendo o crescimento demográfico do estado.
O uso inadequado dos solos cultivados com as lavouras de café, levou-os ao esgotamento rápido, uma vez que não houve a preocupação com uma prática de métodos de conservação, o que promovia o deslocamento constante da lavoura cafeeira em direção às novas áreas.
Na primeira metade do séc. XX, todo o Estado de São Paulo estava ocupado e desmatado, existindo apenas pequenas áreas com matas, que contrastavam com as extensões cobertas por cafezais, dando origem a uma nova paisagem rural. O povoamento atingiu o norte do Paraná, onde as condições eram semelhantes às de São Paulo, incentivando o avanço da atividade cafeeira. Nessa área, a colonização particular promovida por estrangeiros, responsáveis pela instalação de uma infra-estrutura rodoferroviária, atraiu colonos oriundos de outros estados, que haviam passado por São Paulo.
Já no fim da década de 40, consolidou-se a ocupação em terras de mata do norte do Paraná, tornando-se uma das áreas mais prósperas do Brasil, favorecendo o aparecimento de diversos núcleos urbanos.
O movimento de ocupação no Rio Grande do Sul, na segunda metade do séc. XIX, deu-se por maioria de povos germânicos e eslavos. Aos poucos os colonos europeus foram ocupando encostas e vales do planalto meridional, estabelecendo-se em unidades de pequena produtividade e provocando o aparecimento de centros urbanos no interior de Santa Catarina e Paraná.
Com a Proclamação da República, as terras devolutas passaram a ser propriedades do Estado. Isto contribuiu para acelerar a ocupação na direção oeste, provocando o desmatamento dessas áreas. Esse processo de ocupação se restringia às áreas de mata, deixando os campos nas quais se instalava uma atividade criatória extensiva. Por iniciativa oficial, empresas participaram da ocupação dessas terras.
Em Santa Catarina, predominou a colonização particular, promovida pelo capital comercial europeu, em direção ao planalto, onde encontrou, no fim da década de 30, a frente de expansão do Rio Grande do Sul. Avançou até alcançar, na década de 40, as terras do oeste do Paraná. Neste Estado, este tipo de colonização expandiu-se até o norte e juntou-se à frente de expansão paulista.
No fim da década de 40, não existiam mais terras “livres” no Rio Grande do Sul e praticamente todas as terras de matas haviam sido destruídas, restando apenas reservas ao longo do Rio Uruguai.
Em meados do séc. XX, os estados do Sul estavam quase todos ocupados e, como conseqüência, houve desmatamento.
Ainda na metade do séc. XX, outras áreas foram objetos de colonização oficial e particular, dando destaque às colônias do Vale do Rio Doce (SP), do Mato Grosso, de Goiás e Uvá (GO), e de Dourados (MS).
Na década de 70, a construção de uma nova capital deu-se num curto espaço de tempo, com a criação de Brasília impulsionando a ocupação do Brasil Central. Nesse sentido, ocorreram mudanças no traçado da malha rodoviária nacional, destacando a implantação das rodovias em direção às capitais estaduais e às regiões de fronteiras, o que permitiu a incorporação de novas áreas à economia nacional, acelerando o ritmo no interior do País.
A partir daí, o Estado passou a desempenhar um importante papel na ocupação do território, apoiado por incentivos fiscais, visando investimentos privados em novas áreas. Essa preocupação do governo com o desenvolvimento das regiões periféricas e a tentativa de viabilização para exploração dos recursos naturais e das potencialidades produtivas dessas áreas beneficiaram mais as grandes empresas do que as populações presentes.
A década de 70 caracterizou-se pela ocupação das terras das Florestas da Amazônia e pela valorização das terras de Cerrado do Centro-Oeste. A ocupação da Amazônia foi acelerada pela tentativa de integração nacional. A abertura de grandes vias de penetração permitiu a chegada de populações das diversas áreas do País às terras distantes da Amazônia, fazendo surgir uma grande frente de expansão; a ação de empresas, as pequenas e médias propriedades e a colonização oficial visando a diminuição das tensões sociais existentes nas áreas rurais permitiram sua ocupação. Esta ocupação estendeu-se desde o Acre até o nordeste do Maranhão, assumindo diferentes graus de intensidade e agressão ao meio ambiente, pois foi efetivada por grandes desmatamentos e queimadas que causaram grandes prejuízos ao ecossistema.
A valorização das terras do Cerrado ocorreu em função de dois aspectos: a proximidade dos grandes centros urbanos do País e a topografia plana que facilitava a mecanização de atividades agrárias. Esses aspectos favoráveis ao desenvolvimento dessas terras vieram ao encontro da necessidade de expansão da agricultura gerada pelo modelo de País que privilegiava a produção agrícola exportável.
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&conteudo=./natural/geomorfologia.html
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