quarta-feira, maio 17, 2006

Geleiras tibetanas encolhem 7% ao ano, sugere medição chinesa

da Folha de S.Paulo

As geleiras do platô Qinghai-Tibete, no oeste da China, estão derretendo à espantosa taxa de 7% ao ano por causa do aquecimento global, informou a Xinhua, agência oficial de notícias do país. A situação pode afetar vários dos principais rios asiáticos, que são alimentados pelo degelo do platô.

O dado vem de medições feitas por 681 estações meteorológicas ao longo de quatro décadas. De acordo com Han Yongxiang, do Escritório Meteorológico Nacional da China, a temperatura do altiplano subiu 0,9 graus Celsius desde os anos 1980. Dong Guangrong, da Academia Chinesa de Ciências, disse à agência Xinhua que o derretimento dos glaciares pode transformar a vegetação rasteira que hoje cobre a região tibetana num deserto.

É uma má notícia para os habitantes das regiões mais populosas do país, que já sofrem há tempos com os efeitos da desertificação. O desmatamento e a seca têm se juntado para criar grandes tempestades de areia, como as dos últimos dias 16 e 17, que jogaram sobre Pequim o equivalente a 330 mil toneladas de areia. A poeira chegou até a Coréia do Sul e o Japão.

Segundo a Xinhua, o governo chinês deve lançar em breve um serviço de "previsão do tempo" dedicado apenas às tempestades de areia.

A intensificação do degelo no platô dá um peso ainda maior ao problema, uma vez que a área responde por 47% das geleiras chinesas e cobre 2,5 milhões de quilômetros quadrados. O governo chinês está tentando enfrentar o desafio por meio do plantio de árvores, com a intenção de formar cinturões em volta de cidades e deter a desertificação. Mas já admitiu que o país terá de conviver com as tempestades.

Emissões sobem

A emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e gerados pela queima de combustíveis fósseis, aumentou cerca de 1,25% no mundo entre 2004 e 2005, indica um levantamento feito pela Noaa (Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera, na sigla inglesa), órgão do governo americano.

O aumento, embora modesto segundo a Noaa, é motivo de preocupação. A maior parte dos cientistas concorda que, nas condições atuais, o ideal seria reduzir radicalmente as emissões dessas substâncias, como o gás carbônico. O composto, da mesma forma que o metano e outros gases, retém o calor gerado pela luz solar perto da superfície da Terra, impedindo que ele escape para o espaço. Os Estados Unidos, principal emissor de gases-estufa, não ratificou o Protocolo de Kyoto, criado para reduzir a geração das substâncias.

Com agências internacionais

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