Joop Meijers*
04-08-2008
Não totalmente inesperado, o primeiro-ministro israelense Ehuld Olmert, acusado de corrupção, anunciou a sua renúncia. Num curto pronunciamento pela televisão, Olmert informou que no próximo 17 de setembro estará deixando o seu cargo e a presidência do partido dele, o Kadima. Nesta data será escolhido um novo presidente do partido e, possivelmente, o novo primeiro-ministro de Israel.
Em seu discurso, denominado pela mídia israelense de dramático, Olmert alegou estar convencido de sua inocência. "Devido as acusações e todo o processo, inclusive de funcionários do governo que querem a minha saída, decidi deixar o cargo e me concentrar na defesa de minha inocência", disse.
Olmert está sendo acusado de ter recebido dinheiro ilegal de um filantropo norte-americano. Além disso, o premier teria se deixado comprar por transações imobiliárias e viagens de férias para si e sua família, pagas pelo Estado. Ele é ainda acusado de ter apresentado notas falsas de despesas.
Caos
O anúncio da saída de Olmert veio no final de um dia em que o seu partido, Kadima, sofreu várias derrotas no parlamento. A unidade e a disciplina da fraca coalizão governamental caiu como um castelo de cartas. O ministro da Defesa descreveu a atmosfera no parlamento israelense como caótica.
Segundo as pesquisas de opinião, feitas pela televisão israelense, a popularidade de Olmert, que se tornou premier em abril de 2006, atingiu o mais baixo nível - 77% dos entrevistados se manifestaram descontentes com o seu trabalho.
Se as eleições fossem realizadas agora, o líder da oposição e antigo premier, Benjamin Netanyahu, do partido de direita Likud, receberia 36% dos votos; a vice-premier e atual ministra do exterior, do Kadima, Tzipi Livni, receberia 25%; e o líder do Partido Trabalhista e ministro da Defesa, Ehud Barak, apenas 12%.
Nova luta
A luta pela liderança dentro do partido Kadima ocorre entre a vice-premiere Shaul Mofaz, que em 2006 deixou o partido Likud. Tzipi Livni, que lidera o grupo que negocia a paz com os palestinos, é vista com uma política da nova safra. Já o antigo ministro da Defesa, Shaul Mofaz, tem a reputação de ser um duro da velha guarda. Em princípio, o novo líder do partido Kadima deve formar um novo governo de coalizão após a saída de Olmert. Caso não seja possível, novas eleições serão convocadas em Israel dentro de um prazo de três meses.
O primeiro-ministro Olmert disse que até a sua saída, ele continuará as negociações com os palestinos e a Síria. Devido ao pouco apoio político dentro de Israel, é improvável que essas negociações cheguem a algum ponto de entendimento.
De acordo com muitos políticos, existem grandes chances de que o Kadima, depois de escolher um novo líder, forme uma coalizão com o Partido Trabalhista israelense, para evitar que Netanyahu, do partido Likud, se torne novamente premier do país.
*Tradução: Luís Henrique de Freitas Pádua
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