sexta-feira, setembro 26, 2008

Síntese de países

O Mundo em síntese num ótimo esquema informações variadas de todos os países do Mundo você em com neste sítio

IBGE - Países@

Vale a pena conferir e consultar quando necessário.

quarta-feira, setembro 17, 2008

O BRASIL TREME

 

O País sofre com terremotos em diversas regiões - e já investe em uma moderna rede de sismógrafos
Cai por terra a velha teoria de que no Brasil, ainda que as coisas nem sempre andem bem, “pelo menos não tem terremoto”. Nos últimos dias, a natureza falou por si. E os cientistas apenas confirmaram: o solo brasileiro treme constantemente. No interior do planeta, na fronteira entre a crosta terrestre e os mantos de magma, há placas tectônicas que se encaixam como peças de um quebra-cabeça. Em algumas áreas do globo, como é o caso do continente sul-americano, essas placas deslizam umas sobre as outras e essa dança gera um atrito tão forte que empurra a crosta terrestre para cima, gerando terremotos. O resultado dessa “dança” espalhou pânico entre moradores de cidades como Sobral, no Ceará, onde em apenas três dias foram registrados 507 tremores de terra. “A intensidade não foi alta (3,9 graus na escala americana Richter, que vai até 9 graus), mas foi o suficiente para destelhar casas e fazer a população ir dormir nas ruas, em barracas e redes improvisadas”, disse à ISTOÉ Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), que controla 300 estações sismológicas do País. Apesar de centenas dessas estações monitorarem o solo brasileiro, a verdade é que os atuais equipamentos precisam ser modernizados para que possam alertar em tempo real a população sobre os possíveis danos que os tremores possam causar – é isso que fez a Petrobras investir R$ 20 milhões no Observatório Nacional para a implantação dos mais modernos equipamentos feitos na Suíça e nos EUA. Serão ao todo 50 estações do Sul ao Nordeste do Brasil. “Entraremos no rol das nações desenvolvidas do ponto de vista de estudos geofísicos”, diz Sérgio Luiz Fontes, diretor do Observatório Nacional.
Nos últimos meses, o Brasil nunca tremeu tanto. O geólogo Barros explica que as falhas geológicas que cruzam o solo do País geraram 30 sismos com magnitude acima de 5 graus. Os primeiros abalos registrados foram no ano de 1955, em Mato Grosso e no Espírito Santo. Depois disso, as maiores incidências estão no Ceará e no Rio Grande do Norte. Para evitar que um terremoto aconteça sem que a população esteja preparada, como ocorreu em dezembro de 2007 na comunidade rural mineira de Caraíbas, onde uma criança morreu e dezenas de casas foram completamente destruídas, o Observatório Nacional irá utilizar um moderno sismógrafo. Trata-se de um aparelho que usa sensores para registrar ondas sísmicas geradas no interior do Planeta, antes mesmo de chegar à superfície. Outra novidade serão os sistemas de posicionamento de satélites que conseguem mapear quaisquer movimentos horizontais da Terra. Por fim, as estações serão equipadas com gravímetros, para medir a aceleração da gravidade do globo terrestre.
A idéia do projeto é que os dados sejam recebidos via satélite, de forma a ter “quase em tempo real” uma medida da atividade sísmica. “Produziremos relatórios quando houver tremores de maior magnitude, acima de 4 pontos na escala Richter”, afirma Fontes. Há, no entanto, uma pedra no meio do caminho. Possivelmente o registro de sismos deverá ser ajustado para detectar abalos de menos de 4 graus de intensidade. “Em locais onde as construções são precárias, 3 graus já serão suficientes para causar rachaduras e queda de telhas”, diz Barros. Esse será um dos detalhes que o Observatório Nacional terá de revisar antes de colocar os equipamentos em operação. Em 2009, as primeiras 11 estações serão instaladas em Linhares (ES), Cananéia (SP), Tubarão (SC), Vassouras e Angra dos Reis (RJ).


Revista Istoé


Edição 2001 - 12 DE MARÇO/2008

OS BIOCOMBUSTÍVEIS, O ETANOL E A FOME NO MUNDO

 

No primeiro caso, estão as preocupações de caráter ambiental que derivam da crescente busca para a redução de emissões de gases que aceleram o efeito estufa. Quanto aos governos, a segurança energética relaciona-se com a redução da dependência da importação de petróleo, bem cada vez mais escasso e cujos principais países exportadores encontram-se em regiões com freqüentes instabilidades políticas. É nesse contexto que a experiência brasileira no uso do álcool derivado da cana-de-açúcar desperta a atenção mundial.
O Brasil está, há pelo menos três décadas, na vanguarda da corrida dos biocombustíveis, em decorrência não só da enorme quantidade de terras e recursos hídricos disponíveis, como também por seu domínio tecnológico na produção de cana, a mais importante das matérias-primas utilizadas para produzir açúcar, etanol e eletricidade de forma competitiva.
A decisão dos governos dos Estados Unidos (EUA) e dos países da União Européia (UE) em pelo menos duplicar o seu consumo de biocombustíveis nos próximos anos não só acirrou inúmeros interesses, como também ensejou grandes polêmicas.
Uma das principais polêmicas é aquela que discute o impacto que o crescimento das culturas agrícolas ligadas à produção de biocombustíveis causariam à produção de alimentos. De início deve-se ressaltar que a importância dos combustíveis de origem agrícola no mercado global de energia é pequena, visto não representarem mais do que 1% da produção de combustíveis fósseis.
Mas, o crescente impacto do boom agroenergético tem afetado, de forma mais ou menos significativa, certos mercados agrícolas, especialmente o do milho, a principal matéria prima usada para produção de etanol nos EUA. A produção norte-americana do etanol já consome cerca de 20% do milho produzido no país e esta cultura vem avançando gradativamente sobre áreas de outros plantios, especialmente os dedicados à soja. Isso tem ocasionado aumento dos preços de certos produtos agrícolas e causado desequilíbrios na estrutura dos mercados agropecuários (especialmente os de rações), além de afetar as exportações (os EUA são os maiores exportadores mundiais).
Já o impacto da expansão da agroenergia nos mercados agrícolas é muito menor em países como o Brasil, que produzem álcool a partir da cana. Mais eficiente que o milho ou qualquer outra cultura agrícola, a produtividade da cana é duas vezes maior que a do milho e seu custo de produção é 30% menor.
Do total de terras aráveis do Brasil (aproximadamente 340 milhões de hectares), cerca de 2,0% são usadas para o cultivo de cana, metade delas dedicadas à produção de etanol. A cultura da cana deverá se ampliar nos próximos anos às custas das terras dedicadas ao plantio de soja (cerca de 6,0% das terras aráveis) e milho (3,2%) e também sobre as áreas de pastos que correspondem a quase 60% das terras aráveis. Mas, não há certeza que, em algumas áreas, a cana não possa se expandir em detrimento a algumas culturas alimentares. Daí, a ferrenha oposição setores da sociedade em relação a essa expansão.
Estimativas para a safra de cana de 2007/2008 indicam que ela crescerá 15% em relação a de 2006/2007 e o aumento se verificará em quase todas as unidades federativas. Os estados que apresentarão o maior crescimento porcentual serão a Bahia (75,9%) e Tocantins (73,5%). Todavia, em volume, a produção de cana é bem concentrada. Cerca de 85% dela verifica-se no Centro-Sul, com destaque para São Paulo com aproximadamente 70% do total regional. O Paraná (porção norte), Minas Gerais (região do Triângulo Mineiro), Mato Grosso Sul (leste) e centro-sul de Goiás completam o quadro.
Há estudos em andamento no Ministério da Agricultura no sentido de se estabelecer um zoneamento agroecológico do setor sucroalcooleiro cujo objetivo seria o de definir as áreas disponíveis para a ampliação da produção levando em conta não só os índices de produtividade, mas também os impactos ambientais e socioeconômicos dessa expansão.
Os EUA e o Brasil são, nessa ordem, os maiores produtores mundiais de etanol, sendo os norte-americanos os maiores importadores do produto e nosso país o maior exportador. Todavia, o Brasil não possui as limitações de expansão de área cultivada como os EUA, já que a cana pode, a princípio, se expandir especialmente em áreas de cerrado, que tradicionalmente têm sido utilizadas para pastagens ou produção de soja. O Brasil, por exemplo, poderia produzir 132 milhões de litros de etanol, volume necessário para substituir 15% da gasolina nos EUA, com cerca de 30 milhões de hectares de cana-de-açúcar, o triplo da área atual de cana, porém apenas 10% da nossa reserva de pastagens.
Se produzida com alta tecnologia, a agroenergia representa uma extraordinária oportunidade para os países subdesenvolvidos da América Latina, África e parte da Ásia. O Brasil, em particular, tem uma chance de ouro para estar à frente dos demais países no contexto global da bioenergia, buscando consolidar o álcool (e também o biodiesel) como commodities globais, produzidas de forma ambiental e socialmente correta.
A expressiva alta dos alimentos nos últimos dois anos e a crise alimentar que vem afetando muitos países pobres como o Haiti, Burkina Fasso, Níger, entre outros levou vários especialistas ligados a organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a afirmar que esses problemas, que poderiam se alastrar por outros países eram causados pela expansão dos cultivos dedicados a produção de biocombustíveis (o etanol em particular) em detrimento daqueles dedicados a alimentação humana. Na verdade, o problema tem como causas uma combinação de fatores que atuam de forma diferenciada em vários países.
Genericamente seriam cinco os principais fatores que explicam, em termos mundiais, a situação atual. O aumento da produção de biocombustíveis e a manutenção dos subsídios agrícolas em países ricos, como os EUA e países da UE. O aumento dos custos da produção agrícola como decorrência do aumento do petróleo e dos fertilizantes. O forte incremento do consumo de alimentos por parte de países emergentes de grande população como são os casos da China, Índia, Brasil e México. A quebra de safras em vários países produtores de grãos cujo exemplo mais evidente é o da Austrália, atingida por secas prolongadas nos últimos anos. A crise financeira dos EUA que levou investidores a apostar em contratos de mercadorias, contribuindo também para o aumento de preços dos alimentos.

Nelson Bacic Olic
Revista Pangea, 29/4/2008